quinta-feira, 23 de junho de 2011

contemporâneo TRISTURAS & EMENDAS


CON TEMP
ORÃ NEO
TRITURAS & EMENDAS



Eu não sou nada concreto
nu
fun
do.
E + q abstrato
eu sou distraído
de perto
e de fato.
Liquidifico-me
entre trituras
e emendas
de sonetos.
Eu me submeto
na medida
em que me meto
eu meto
as caras de paus
de dois
a dois
de 4!!!!
Eu faço fila
eu saio de dia
eu falo de noite
eu até agradeço
mas eu não acredito
em tudo que eu acredito
esse homem
apenas se alonga
e vai se juntando
a longos ombros
ambos como se todos
não soubessem dos seus ânus.



PERFORMANCE



O homem como uma folha de jornal de data vencida forrando o chão do carro; em vão o dono relê e como um cão o outro passageiro finge já que saber o que ele mesmo não vê.



A mulher no vaso como uma flor contorna os pés no espelho na busca da pele... Os seres e seus assombros. Silenciados, estranhos...
Ele
vai
sem
saber
pra onde
‘que a rotina fere’.
Ela canta a nova receita; o café, o cigarro e o beijo evacuados sem solidão ou dor...
Na ferrugem do espelho, observa-se. Gorda!
E a descarga do dia soa indiscreta no banheiro, e decreta: nem tudo que é humano é tão interior!


DESCONFIO



Desconfio de incertezas tolas
Mortes suspensas de suicidas possíveis
Amantes se repetem
E com o tempo são apenas disfarces

Desconfio de toda e qualquer
Teoria da conspiração
Enquanto o homem aguarda o próximo voo
De esquerda e cristão

Desconfio desse navio
Os ratos sempre estiveram
No convés da direção
O não-querer-saber é o porão

Desconfio sobretudo
Dos homens que tudo sabem
Que não se cabem
E acabam sozinhos

Desconfio da coisa exata
Da santidade caquética do papa
Do que além do humano
Estranhamente nos escapa

Desconfio dos poetas estetas
Urrando dos umbrais
E das tetas das musas
Nas gírias poéticas dos marginais

Desconfio dos santos e dos profetas
Eternamente anunciando o fim
E claro por me conhecer tão bem
Desconfio muito de mim


PAPO CABEÇA




Você é só um palhaço!
Você é só um palhaço!
Assim mantém sua máscara,
não se meta no espaço...

Não rapte-me, não capte-me,
não dê ouvidos a camaleoa.
Viver é quase isso.
Um dia roa a roupa,

desfila na avenida de rei!
No outro eu nem sei,
e o papo soa naquilo...

No outro nem à toa,
você continua vivo.
Viver é quase isso.

COM O PÉ DIREITO



Hoje eu acordei
com o pé direito
o amor estava velho
deixei no parapeito

O riso do fantasma
perdeu-se no estreito
a dor desmontou guarda
estanque desfeito

Hoje eu serei
rei do meu eito
eu me aguarda

Eu explode na sala
agora não tem jeito
nem marca nem fala