quarta-feira, 15 de novembro de 2017

GENTILEZA GERA


Gentileza gera gentileza
gera sorriso gera afeto
Gente é quase sempre
o medo do desconhecido

A ponte da sua mão
ou o muro do abraço
Se passar indiferente 
Ser o ser mais corrosivo

Nem todos os urânios
Gentileza não tem tamanho
gente é mesmo estranho

Mas vem algo de repente
insistindo que somos humanos
Gentilezas geram gerânios


terça-feira, 14 de novembro de 2017

VOLTA QUE DEU MERDA


Nós somos os rios
que jogamos nossos homens
nas merdas
Nós somos as merdas
que jogamos nos nossos rios
nos homens
Nós somos os homens que jogamos nossas merdas nos rios

E rimos

quarta-feira, 1 de novembro de 2017



DE CERTO




  
Eu confio nas pedras
Bem longe das mãos
Prefiro estar sobre elas
Sob os pés ou deitado
Eu confio no sonho
Que não é lembrado
Não será lembrado
Será somente sonhado

Eu confio nos sábios
No silêncio dos lábios
Eu confio porque confio
Naquilo que nem sei
Eu confio nos signos
E mesmo em crenças
Como a tecer um fio
Que de certo já rezei

Eu confio e não há nada
Mais bonito nem tigre
Nem águia nem cavalo
Acima de todas as manadas
Eu confio no que é rio
A fonte do nosso oceano
Repara: não há cor
Na alma nem nas lágrimas

Eu confio na poesia
Que adia o dia dia-a-dia
A música desse cansaço
Em notas renhidas
Eu confio nas vidas
Das mil e uma vividas
Vestidas em uma só
De dobras e despedidas

Eu confio na palavra
Dada ou abandonada
Dobro minha prosa
E aceito essa canção
Eu confio em tudo e não
Vejo as flores e espinhos
Delirantes noites e vinhos
Que humanamente são

Eu confio sem esperar
Sem ao menos esperança
Nas frontes encosto o gelo
Derretendo no terraço
Eu confio. Pode acreditar
Tudo passou assim
Como tudo passa no fim
Também eu passo