terça-feira, 23 de agosto de 2011

CAMPOS E ABSTRATOS

CAMPOS E ABSTRATOS

Campos quantos tantos
semeiam centavos graf
ismos de aforismos em
colagem no cara ou cor
roa não sabem escravos
que entender é ser toma
do pela linguagem sua
coisa-palavra por palavr
a segue falácias por acá
cias à margem sem um
obrigado um deus lhe
pague que no deserto re
desenhasse a miragem...
soltos os cachorros na l
ata de lixo removem os
restos dos velhos imort
ais com seus rouxinóis
seus umbrais
as minh
as estrelas eu mesmo pi
cho pra colher do chão
um certo abraço é preci
so plantar esta terra no
espaço!
O MAIS DOCE DOS BÁRBAROS
Toda a TARDE desse JEITO
DELEITE
DEITE
nas SAIAS desse
SOL
Desperta o SOM
que SAMBA na HARMONIA
BAMBA de
um BERIMBAU
BAU
BAU
BAU
BAU
Meia-noite CARROSSEL
vêm os DEDOS
de um ANEL
os REIS
despencam do
C
É
U
Em águas RIMAS
MENINAS e MENINOS
dobram os SINOS
delém – delém
Meu bem,


MARES DE ILHAS E DE CORES SE CHOVE

Os silêncios são sós

estiagens de sons
Os poetas são meninos
que não foram bons
Aprendi o céu também
acorda de mal humor
Deus dentro da noite
já soou o seu tambor
Parece que o nosso beijo
na noite passada
Atravessou no peito
o trem da madrugada
Você não pergunta
pra Deus mais nada
De repente as palavras
nascem respingadas
Mas há mares de ilhas
e de cores se chove
Que varre a terra toda
enquanto se dorme
Não importa o quanto
você finge por dentro
O tanto que você corre
O que explode é lento
ROSAS ROSAMOS


Somos um e somos tantos
somados só nos amamos
detrás do velho azulejo
por dentro daquele beijo
somos tantos só amando
só um pouco de nós mesmos
e só eu sonhamos dispersos
quando em nós só ouço samba
Enquanto nós nos trocamos
crus ficamos nus de nossos
versos livres dos reversos
Por nós loucos asas rosai!
rosas rosamos aos pares
jardins que se ilham de mares
ATLÂNTICO

O mar é perto
E distancia
A dor em onda gigante
...A dor não tem
Parente
Por isso
O poeta sorri
Como se a vida
De repente
Palitasse o dente

O SOPRO E A GOTA

Ontem eu sonhei e perdi o medo
Vir e ir, quem sabe?
Só não sei parar
Amar é uma palavra áspera
Dizer ‘te amo’ como quem se despede
Viver é mesmo essa desastrosa despedida
Não se pode parar a vida
Ela se impõe respirando sobre as dormentes
Às vezes um sopro do lado
De uma gota que cai
Outras, devastada por redemoinhos
Arrastada por correntezas
Assim assistimos diários fins
Há quem pense ‘disso tudo eu sabia’
E ri de humanos destroços
A terra com seus amores e seus corpos
Sim, estamos todos mortos
Não há nada de novo no próximo dia
E insiste uma morbidez confortável
De um mundo sem poesia

2 comentários:

Lou Albergaria disse...

Demais sua poesia concreta! Amei esse passeio pela grafia das palavras e seus ritmos! Muito bom mesmo!

Beijos!!!

Cesar Póvero disse...

Belamente hilstiano!