segunda-feira, 19 de setembro de 2011

ENTRE OS DEDOS


ENTRE OS DEDOS



Opinião ambulando

som procurando

sombra e água fresca

chuva que Deus dá

Deus dará

Deus aos seus sempre dá

tem mais Deus

nos deuses meus

que o dia pra tirar


Alimentem nosso mais

muito mais

vinho tinto que se brinda

sobre a mesa

escorre entre os dedos

o banquete de usura

todo mundo é pedra

que um dia a cerca fura


As janelas voam

de dentro das casas

porta que se abre

sem parede

se você tem sede

se você tem sede


não importa a porca

sem rosca

se rosa é boca a boca

se toda prosa é pouca

se a vontade é mesmo

louca se você vem

AMOR VIRTUAL


Amor virtual! Amor igual

ou nem tão diferente do real

do que se imaginava e tal


Tal e qual assim veio verão

nos fim das águas da estação

com violinos sublimes da canção


Navegantes! Falemos do amor

Irmão da vida, amigo da dor

cachorro bandido trem senhor


Amor que o poeta pensou tarde

É sempre jovem o peito que arde

Aceito o novo amor sem alarde

METAMETALMETÁFORAS


Metametalmetáforas

silêncio e anáforas

por onde você passa

metametalmetáforas

régua sua farsa


metametalmetáforas

olhos são de trevas

de longe e às cegas

metametalmetáforas

- Um brinde! Erga a taça


metametalmetáforas

Wilde às frases célebres

inconsúteis e breves

metametalmetáforas

aos bárbaros, aos erres


metametalmetáforas

de estranhos te serves

das mesmas palavras

metametalmetáforas

o impulso que lavras


metametalmetáforas

de aço as esperavas

em versos eternos

metametalmetáforas

aqui rio outras águas

por idos infernos

O VIAJANTE



O homem é mais macaco que águia.

O mais valente, o mais forte.

Assim mesmo, teme o sem-asa,

seu riso entre os dentes, seu porte.


O homem é vinho em pote de mágoa;

desdenha inocente, sina e morte,

fim a esmo, ferro que abrasa,

ainda que impunemente seu corte.


‘O pródigo sempre volta pra casa’

recita pungente a máxima,

sem mais contar com a sorte.


O homem na busca da sede vária;

o homem livre de cofre e estátua:

- Houve um dia um sol ao norte...

ESTRANHA AUSÊNCIA DE CÉU



Eu não tive paciência

foi maior minha

descrença


Foi mais fértil

a estranha

ausência de céu


Eu não acreditei. Eu errei

demais. Da próxima

vez prometo ser mais cruel


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