sábado, 26 de março de 2022
quinta-feira, 17 de março de 2022
INVEJA
Na verdade
Alguns poucos minutos atrás
Fui tomado dela
Megera
Algoz do ego
Num transe cego
Num duplo carpado mortal
Fiquei lendo comentários de surpresa e felicidade
De amigos e conhecidos do novo casal
Oficializado na rede
Fui tomado de inveja
E nem sabia direito de quem se tratava
Mas aquele encontro
Revelava os meus desencontros
A procura ainda em que eu estava
No banheiro
Fugi do espelho
Fui tomado por ela
Fiquei desconcertado
Sem saber o que havia de errado
Senti no azulejo
O frio silencioso de toda parede
Dei descarga na minha inveja
Falei pra mim mesmo
Merda, cara!
Que grande merda
O amor já fez a sua despedida
Não foi bom
Não foi mau
Não foi nada
Mas quem é que fez por merecer?
Pare! Olhe e veja:
É humana a nossa repetida sede
quarta-feira, 16 de março de 2022
BLECAUTE
A voz
já desmantelada
do infinito agudo
O prelúdio
lamentavelmente
confuso.
Tem luz,
mas agora
eu quero ficar no escuro.
TOQUE DE RECOLHER
A morte sempre impôs um diálogo respeitoso.
Com a morte não se brinca,
também sempre disseram.
Eu deveria compor um poema que abarcasse
minha cidade, meu país
Um canto além das Américas
atravessando mares e cordilheiras
dos continentes.
Coubesse o mundo em minhas mãos
e abriria a porta de casa
para que repousassem
nos meus abraços
Despedaçados.
Amigos, sei o abandono de tudo.
Olho para o mundo lá fora
da minha janela.
A paisagem embruscada
com um restante de sol
a pôr alguma luz no verde.
A terra está triste
E de alguma forma
dentro de mim
resiste um desejo
de tomar um banho de chuva
Cara lavada, alma lavada
Mas a lágrima ainda no espelho
A gente nunca soube ser feliz
Agora o sinal ficou vermelho
A MULHER E O FIM DO MUNDO
Mulher, qual é o seu preço? – Desconheço.
Você vem de onde? – Do planeta fome.
Você não se esconde – Às vezes me perco.
Vejo a raiz dos seus cabelos! - Perdi o medo.
Seu corpo parece suportar dores. – Eu canto.
“Flores, tapas, pontapés!” - Nunca de joelhos.
Sabidos os rouxinóis. - Mas não sabem de nós.
Sinfonia de pardais. - Já não cantam mais.
Se dói tanto por que não chora? – Sei quando rio.
E seus filhos estão vivos? – Alguns mortos.
Nem um amigo sincero? – Eu tenho Deus!
Seguiu sem lar nem abrigo? - Fui pelos portos.
Como pode irreverente liberdade? – Foi tarde.
E esse jeito de ainda ser? – Também me desespero.
Mas a mulher do fim do mundo na avenida?
- Sou eu pedindo o celular para ligar para 180
Mataram o amor! - Muito mais de 7 vezes
70 vezes 7 mataram o amor de sacanagem
Quem poderá saber aquele amor? - Não sei.
Sei que ele ainda “dói para fora da paisagem”
Assinar:
Postagens (Atom)